quinta-feira, março 11, 2010

Igualdade Desigual

Super atrasada, mas ainda no clima do Dia Internacional da Mulher, cá estou eu tentando concatenar as ideias e compartilhar algumas opiniões. Alguns amigos e amigas me consideram até um pouco machista. Mas o fato é que depois de já ter vivido algumas boas experiências nessa vida, desencanei de alguns (pré)conceitos e passei a tentar encarar algumas facetas da nossa grande jornada com mais simplicidade.

O que eu quero mesmo é falar de igualdade. Esse assunto está martelando a minha cabecinha oca já há algum tempo e por causa de assuntos diversos. Aproveitando a deixa do 8 de março, vou tentar expor algumas das minhas angústias. 

Eu acredito que não se deve tratar desiguais como iguais. Homens e mulheres são diferentes – muito diferentes – e isso é fato. E o que eu quero expor aqui vai parecer pura incoerência pois eu vou justamente reclamar da desigualdade. O grande desafio vai ser organizar o pensamento para que essa incoerência faça algum sentido (se é que isso é possível).

Tenho tido muita sorte na vida e trabalhado em grandes empresas. Realmente eu não tenho do que reclamar. Mas analisando friamente, muitos detalhes fazem grande diferença no dia a dia das relações entre homens e mulheres. Vamos aos exemplos práticos:

1. Plano de Saúde
Poucas são as empresas que permitem que as mulheres possam colocar seus maridos/companheiros como dependentes no plano de saúde. Isso afeta diretamente a renda da funcionária. Dois funcionários, um homem e uma mulher, que foram contratados no mesmo dia na mesma função terão renda diferenciada porque na casa da funcionária, o seu marido/companheiro não usufrui do plano corporativo da sua esposa. Nada justifica essa desigualdade de tratamento.

2. Auxílio Creche
Por contra partida, em muitas empresas apenas a funcionária tem direito a um benefício chamado auxílio-creche. A princípio muita gente dá vivas à isso, como se fosse uma compensação. Errado novamente. Qualquer funcionário deveria ter direito a tal benefício. Concedê-lo somente às mulheres faz com que a contratação de uma mulher seja considerada uma escolha mais cara para a empresa. Mesmo que a empresa não estimule esse tipo de pensamento, gerentes tapados pensam assim. Acreditem em mim.

4. Gravidez e Maternidade
Se reproduzir é necessário para a sobrevivência da humanidade por que as empresas insistem em perguntar ainda na entrevista se a mulher já é mãe ou pretende ser e quando? Para mim pessoalmente nem é um problema de fato (já desencanei da maternidade imediata, mas isso é assunto para uma postagem exclusiva), mas eu acho o fim da picada querer saber se a mulher quer engravidar ou não. É um sinal incontestável de que o pensamento que ali impera é praticamente medieval. Mulheres engravidam, ponto. Faz parte da natureza. Tentar sempre “contabilizar” isso é a estupidez mor dos gerentes e das empresas.

5. Chefia
Mulheres ainda são minoria em cargos de chefia. Não são duronas. Precisam se preocupar com filhos e isso as torna menos “disponíveis” do que os homens. E vários outros argumentos preconceituosos. Faça-me o favor! Jogue a moça na fogueira e deixe-a se virar! Já trabalhei com mulheres muito mais exigentes do que homens. Cobre pelo resultado e esqueça o resto. Mas não assuma antes que, por ser mulher, uma pessoa não “serve” para a função. Uma outra faceta deste mesmo problema é que, para acabar com a defasagem gerencial, muitas empresas instituíram “cotas” de diversidade. Um número X de gerentes deve ser de mulheres. Triste escolha. Isso significa que uma mulher poderá escolhida para um cargo de liderança a despeito da sua real capacidade. Se ela faz m, vai a empresa inteira soltar piadinhas do tipo “bem feito, devia estar pilotando um fogão”. E isso só piora as coisas... Acaba com o crédito da mulherada. 

Não sei se consegui demonstrar exatamente qual é o meu descontentamento. Como eu disse lá no começo, eu sei que homens e mulheres são diferentes, mas para mim isso não justifica esses exemplos da mais ultrapassada desigualdade. Em pleno século XXI homens e mulheres mudaram os seus comportamentos. Homens se flexibilizaram e mulheres se endureceram. Por que ainda resistir a isso? Por que achar que conceitos que eram válidos na década de 70 ainda podem ser aplicados em tempos de pura competitividade? Querem pasteurizar o mundo, tornando-o o habitat de andrógenos dos dois gêneros? Respeitemos as diferenças e deixemos o povo trabalhar! Teno certeza de que disposição não vai faltar.

2 comentários:

  1. Olá, Olá, Cacau! Ótimo texto, eu também acredito no tratamento da desigualdade, essa é a melhor forma de isonomia!!! Em alguns aspectos eu penso muito igual a você, mas como esse blog é um espaço para a mulherada (e todo mundo que se habilite) discutir, eu lanço o que penso a respeito:

    1. Você falou que homens e mulheres são diferentes. Ora, todo ser humano é diferente do outro, a diferença é algo muito maior do que imaginamos. Você (e todo mundo que quiser debater aqui) já parou para pensar nisso, que essa diferença é cosntruída. Já que eu e você somos mulheres e eu posso lhe garantir que eu sou diferente de você. Então, vemos que a diferença existe entre indivíduos e não somente entre gêneros.

    2. Engravidar faz parte da natureza?! Será mesmo. E a mulher que nbão quer engravidar, ela estaria indo contra a natureza?! Eu não acredito em natureza, essência ou destino. Isso é um preceito pessoal mesmo, acho isso tudo uma furada. As pessoas escrevem suas histórias, idependente de 'natureza'.

    3. Gostei muito da sua reflexão quanto às perguntas da empresas ao admitir mulheres, se querem ou não engravidar e quando assim o farão. Isso é fato, preconceito que as prejudicam.

    4. Mulheres chefes: concordo plenamente com você. Essaa historinha de que mulher é mais sentimental e tudo mais não passa de furada. Eu mesma já assumi um cargo de chefia e garanto que eu fazia mnais o perfil de 'chefe impiedosa'...

    Acho que é isso, a história das mulheres é marcada por inúmeros preconceitos e cabe a nós mesmas mudarmos isso, senão, ao menos, promover diálogos e debates sobre isso. Temos de romper o silêncio e falar o que pensamos! Parabéns, Cacau, por ter levantado questões tão válidas!

    Ps:. Não liga não que eu gosto mesmo é de polêmica, por isso questionei tanto!

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  2. Oi Polly!
    Eu queria fazer um post de apresentação e foi isso o que saiu. Sou um fracasso em Marketing Pessoal!

    * Sobre as diferenças: eu concordo totalmente com você. Só optei por simplificar as diferenças por gênero para que eu mesma pudesse restringir a tentação filosofar indiscriminadamente! ;)

    * Sobre gravidez e maternidade: o que eu quis dizer é que a Natureza fez isso conosco - é a mulher e não o homem que tem o corpo que vai engravidar e amamentar por tantos meses. Se a mulher vai ou não engravidar, se ela quer ou não, eu não acho que deveria ser uma questão de interesse de qualquer empresa. Por exemplo: Duas mulheres igualmente competentes estão na fase final de um processo seletivo ou na boca de uma promoção. Ganha a vaga aquela que disser que não quer ser mãe. Isso é justo?

    Também gosto de polêmica. Que venham! E que junto com ela, que venha a luz!

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